segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mídia e Pesquisas

Por que o TSE não exige uma explicação dos Institutos de Pesquisa?

Confesso estar muito assustado com os acontecimentos relacionados às eleições para presidente da República. O motivo? As questões éticas claro. Não considero existir uma verdade absoluta e considero a leitura de mundo, segundo a subjetividade, faça cada indivíduo se posicionar segundo as suas convicções e conveniências. Contudo, estamos assistindo a um disparate irracional no campo da ética.

Convenhamos! Esses donos das mídias já partidarizadas têm o direito de escolher de qual lado vai se posicionar frente às eleições? Óbvio que sim. Daí a utilizarem dos veículos sob seus domínios para tentar manipular a consciência coletiva, por se tratarem de concessões do Estado, e por serem veículos destinados a esclarecer a população com informações verossímeis, me parece ser um comportamento para uma ação enérgica, tanto por parte da concedente, neste caso o Estado, quanto do Poder Judiciário.

Nos últimos meses estamos assistindo a um espetáculo que seria cômico se não fosse trágico. Institutos de Pesquisa fazem consultas populares para saber das intenções de votos dos brasileiros. O resultado é tão dissonante, absurdamente antagônico, demonstrando haver algo de podre no reino dos sisudos. Qual dos institutos revela a verdade? Como fica a sociedade, a mesma a ser protegida pelo Estado, diante de informações tão desencontradas? Esse jogo onde “vale tudo” serve de exemplo para as novas gerações? Qual futuro se espera quando os homens de hoje educam tão porcamente os homens de amanhã?

Em ambos os casos, tanto os veículos de comunicação como jornais, revistas, rádios e TVs como os institutos de pesquisa merecem a intervenção do Judiciário. Não é possível conceber que instrumentos tão poderosos sejam utilizados de maneira a romper com a verdade e a justiça, numa clara tentativa de manipular a opinião pública. Vejam: isso não tem nenhuma relação com a posição tomada pelos donos das mídias cujo direito de escolher qual caminho seguir é e deve ser garantido, mas os veículos dos quais possuem a concessão não podem, não devem servir para agredirem a ética e a democracia brasileira, duramente conquistadas ao longo dos anos, inclusive ceifando a vida de muitos dos seus defensores.

A intervenção neste caso serviria de modo preventivo para equalizar racionalmente todos os desvios provocados pelas emoções e interesses pessoais. O emudecimento do órgão responsável pelo equilíbrio de forças nas disputas eleitorais o compromete quanto à sua isenção e imparcialidade. Nada se pode fazer quando as pesquisas são manipuladas com a claríssima intenção de alterar o comportamento subjetivo dos eleitores? Os veículos de informação deturpam a verdade, omitem fatos e inventam outros permanecem inadivertidos como se o jogo nada tivesse com os destinos do país e a qualidade de vida de seus habitantes. O Tribunal Superior Eleitoral nada pode fazer em nome de quem? Com qual razão se omite diante dos fatos?

Há muito estamos assistindo a um “vale tudo” quando se trata de benefícios para os mais abastados. Não conseguimos mais compreender a razão pela qual nossas crianças estão indisciplinadas e muito agressivas, violentas. Os valores disponíveis como paradigma a ser seguido são estes, onde não se mesuram esforços para ver determinada posição ideológica hegemônica. Neste jogo, o aprendente percebe ser justificável quaisquer meios para o levar ao fim desejado. Afetividade, respeito, solidariedade, justiça, igualdade etc., só fazem sentido quando nos vemos em posição inferior.

Alguma coisa precisa ser feita no campo da Legislação Eleitoral. Os interesses presentes no Senado Federal e na Câmara Federal me leva a defender uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Os parlamentares eleitos teriam 2 anos para apresentar à nação uma nova legislação versando, inclusive, sobre o comportamento das mídias e dos institutos de pesquisa nos períodos pré-eleitorais e eleitorais propriamente ditos. À eles não seriam permitidos disputar novas eleições por um período de quatro anos, como uma quarentena. Isso evitaria os políticos profissionais fazedores de cada pleito oportunidade para se perpetuarem no poder. Além dos deputados constituintes, a sociedade civil organizada poderia participar apresentando propostas que tornem mais justas e equilibradas as disputas.

Uma coisa é fato: se a liberdade provoca rupturas na ordem social, há de se tornar Lei as regras que a regulem para proteger os menos favorecidos. No meu caso, disponho apenas deste blog, enquanto que os donos de mídia se cartelizam e disponibilizam grandes veículos para expressarem suas ideologias. É preciso fazer alguma coisa. E se não há equilíbrio entre nós, que intervenha o judiciário.

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